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Ranking das Dietas - 20ª posição Dieta Cetogênica


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Criada inicialmente para ajudar quem tem epilepsia, a dieta reduz drasticamente os carboidratos para usar a energia da gordura do corpo e tem bom emagrecimento. Mas o método é bastante difícil de ser seguido e traz sintomas ruins.


Reduzir drasticamente os carboidratos ingeridos é uma das estratégias mais clássicas para emagrecer. E um exemplo desse método é a dieta cetogênica, que surgiu nos anos 1920 como tratamento para a epilepsia, ganhou fama pelos seus poderes na perda de peso na década de 1960 e foi evoluindo ao longo do tempo.


E realmente, a eficácia da dieta é alta (nota 4,3 de 5), mas a custos altos: "fisiologicamente, faz sentido diminuir o apetite através da produção dos corpos cetônicos, mas a dieta traz muitos efeitos colaterais importantes", explica a nutricionista Mariana del Bosco.


A manutenção também é ruim, ainda mais quando feita por conta própria. "É uma dieta para ser usada a curto prazo e não pode ser feita por todo mundo", ressalta Andrea Pereira, nutróloga do Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein e jurada do Ranking das Dietas do VivaBem.


O que é dieta cetogênica

O nome vem da cetose, espécie de queima da gordura induzida pelo corte radical nos carboidratos. Funciona assim: ao reduzir esse nutriente, que é o principal fornecedor da glicose que dá energia para as células, o organismo busca outras fontes de combustível, principalmente a gordura, que é o nutriente mais ingerido na dieta cetogênica.


O processo, além de usar a gordura corporal, dá origem aos corpos cetônicos, moléculas que interferem nos hormônios envolvidos no apetite, como a grelina. A cetose é o principal trunfo da dieta cetogênica, que pode variar em formato e limite de calorias ingeridas. No geral, o consumo de carboidratos fica abaixo de 50 g ao dia. Para se ter ideia, normalmente nós ingerimos cerca de 200 g ou mais do nutriente diariamente.


Como fazer a dieta cetogênica

Primeiro, é preciso conversar com um profissional para entender a necessidade energética, uma medida individual que leva em conta fatores como idade, sexo, peso atual, altura e nível de atividade física. A partir daí, ele pode ou não estabelecer um limite de calorias diário. O cardápio não é pré-definido, mas sim adaptado aos gostos de cada um, e é composto de carnes e alguns derivados —com exceção do leite —, vegetais à vontade e gorduras de qualquer tipo.


Não há um número exato de refeições por dia, pois cada pessoa sente fome em momentos diferentes. Para induzir a cetose, é preciso que o corpo passe um tempo em escassez de carboidratos. Por isso, a dieta tem duração mínima de 2 a 3 semanas, podendo chegar a 6 meses. No geral, por conta da restrição severa, o programa dura por volta de 40 dias.


Durante a primeira semana, que é uma fase de adaptação, a falta de glicose para o cérebro pode provocar efeitos colaterais como mau-humor, cansaço e fraqueza. Mas depois a tendência é que o humor se estabilize e o corpo se "acostume" com a nova maneira de fabricar energia.


Tipos

Na dieta cetogênica clássica, o consumo de carboidratos é baixo (entre 4% e 10% das calorias diárias) o de gorduras chega a 90% e não pode ser menor do que 60%, e o restante das calorias vêm das proteínas. A quantidade de calorias varia individualmente, mas costuma ficar entre 1000 e 1400 ao dia.


Há ainda uma versão que diminui radicalmente o número de calorias, para menos de 800, a VLCKD (very low calories ketogenic diet) onde o número de refeições e o cardápio é mais controlado. Geralmente são seis refeições diárias já prontas, em pó, e só adicionamos algumas verduras e legumes.


Ah, vale dizer que a dieta cetogênica é diferente da low carb, que também ganhou fama por reduzir os carboidratos do menu diário. Na low carb a ingestão de carboidratos pode chegar a 150 g por dia, enquanto na cetogênica o limite varia entre 20 e 50 g.


Dieta cetogênica é segura?

Sim, mas com ressalvas. Primeiro, a dieta não pode ser feita por tempo prolongado, pois é muito restritiva. Ela é eficaz a curto e médio prazo, mas os mecanismos fisiológicos envolvidos nela suscitam preocupações. Por exemplo, pessoas com diabetes ou hipertensão devem ficar atentas pois frequentemente é preciso fazer ajustes nos medicamentos. Caso contrário, há risco de crises de hipertensão e hipoglicemia por conta das alterações no metabolismo.


Já quem tem doenças no fígado ou rim não pode seguir essa dieta, pois o aumento na ingestão de proteínas e gorduras pode sobrecarregar estes órgãos. Sem contar que cortar carboidratos significa deixar de ingerir vários alimentos com vitaminas e minerais importantes para a saúde, como cereais, leguminosas e frutas. A maioria dos estudos clínicos feitos até agora indica o uso de suplementos junto com a dieta cetogênica.


O alto consumo de gorduras é outro ponto a ser considerado antes de optar pelo plano. As sociedades médicas e órgãos internacionais preconizam uma dieta com baixa ingestão de lipídios. Ao fazer com que 90% das calorias venham da gordura, há o risco de aumento do triglicérides e colesterol, o que pode ser um problema para quem já tem níveis altos dessas moléculas.


Por conta de todos esses fatores, apesar de segura na maioria dos casos, a dieta cetogênica não pode ser feita sem acompanhamento médico.


A dieta realmente emagrece?

Sim. Como os carboidratos compõem a maior parte das refeições, ao cortá-los há uma redução das calorias consumidas diariamente --que naturalmente leva ao emagrecimento. Fora isso, a cetose consome gordura corporal, o que também leva à perda de peso rápida que fez a dieta ficar famosa.


Uma revisão conduzida pela Universidade Federal de Alagoas e publicada em 2013 no British Journal of Nutrition comparou 13 estudos feitos no mundo todo com a dieta VLCKD e dietas com restrição de gordura e concluiu que a dieta cetogênica é mais eficaz para perda de peso. Há ainda outros benefícios indiretos, como uma melhor ação da insulina, o hormônio que bota o açúcar para dentro das células, e diminuição da glicose em circulação, o que é bom para os diabéticos..


Só que os efeitos podem ser temporários, principalmente se a dieta for feita por conta própria. Nesse caso, a restrição abrupta pode desencadear picos de comilança que prejudicam no processo de queima da gordura. Até por conta disso, depois de um tempo os pães, açúcares e companhia voltam ao cardápio.


A restrição total e prolongada pode levar à compulsão alimentar. É comum que ocorra o famoso efeito rebote, quando o peso eliminado volta de uma vez pela falta de manutenção dos bons hábitos.

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